E no embate de um baralho as muitas amizades
E a cena inusitada acontece em uma festa, onde dois amigos muito empolgados e dispostos a se divertirem, pegam um baralho e decidem apostar uma partida e para isso, buscam mais dois participantes, formando assim as duplas necessárias para o embate, dois desconhecidos, sem muito a perder, aceitam o convite e se juntam ao jogo, um aperto de mãos quebra o gelo e a disputa começa.
Dois amigos contra dois desconhecidos que jamais haviam se visto, o cenário parecia perfeito e a vantagem à primeira vista, estaria com aqueles que já compartilhavam certo vinculo, no entanto, os novatos iniciam um jogo de descobertas, trocam olhares em diferentes nuances, comunicam-se por sinais discretíssimos, recorrem a gestos simples e sutis, blefes surgem como atos de gentileza para aliviar a tensão, enquanto os argumentos se tornam cada vez mais calculados e intencionais, o resultado é uma sintonia inesperada, um relacionamento de cumplicidade que para olhos desavisados, poderia muito bem parecer de longa data.
Depois de muitos lances, desdobramentos e reviravoltas, a encenação se encerra e a partida chega ao fim com a vitória dos desconhecidos, entre abraços entusiasmados e brincadeiras do tipo “somos os caras”, nasce ali uma amizade, fruto da leveza do momento e da conexão que só um bom relacionamento entre futuros amigos pode oferecer.
Todo ambiente deveria ser regido pela empatia e não pela lógica da competição, enxergar o próximo como um oponente é criar um obstáculo desnecessário, quando na maioria das vezes o outro sequer tem consciência do cabo de guerra que está sendo travado, entre amigos esse olhar competitivo perde ainda mais o sentido, pois é justamente nesse espaço que podemos relaxar, nos desarmar e nos solidarizarmos com estes para gerar segurança, quando estamos em companhia dos nossos sentir-se fortalecido é um sentimento espontâneo e natural.
E como canta Claudia Leitte na canção Mesma Luz, “Amizade sincera é assim, é assim, comigo você pode contar, e também confiar”, quando se está entre semelhantes o que prevalece é a empatia.
Tudo deveria carregar a magia do rompimento de barreiras que acontece em uma partida de baralho ou em um jogo de futebol, quando num estalar de dedos, desconhecidos se abraçam e festejam sem limitações, sem medo ou vergonha, é maravilhoso quando um estranho se torna solidário a uma mesma causa, em um sentimento de amizade sincera e genuína, simples assim.
Como seria bom se a vida pudesse ser mais simples.
Paulo C. Andrighe



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