Um filho, um livro e uma árvore?!?!

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Enquanto estava distraidamente e sem compromisso nenhum folheando um jornal, me deparei num texto de felicitações de aniversário com a palavra “madura”, o texto em si era interessante, mas me fez refletir sobre a expressão de que amadurecer nem sempre soa tão agradável assim, afinal de contas quase tudo que atinge o ponto de maturidade logo começa a se deteriorar e em pouco tempo, acaba descartado, convenhamos então que chegar ao estado de “maduro” não parece algo tão atraente.

Envelhecer não significa necessariamente amadurecer, até porque muitos não chegam a viver de verdade, muitos apenas sobrevivem como um peso de papel, estes estão presentes só que infelizmente sem propósito, apenas ocupando um espaço no mundo.

Associa-se envelhecer com obter conhecimento, mas poucos se dedicam de fato a crescer, a aprender e com a riqueza da experiência, transmitir lições que não se encontram nos bancos escolares, o que mais se percebe, é que muitos não aprenderam nada e não têm experiências reais para compartilhar, é desanimador constatar que em diversos casos, não há legados sendo deixados e talvez nem existam ouvidos dispostos a se encantar com boas vivências.

Diz o ditado popular que para contribuir com o mundo, o mínimo a se fazer é ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore, é assim que a humanidade avança, se lapida e se aperfeiçoa, mas acima de tudo evita definhar.

O mundo está infestado de filhos sem espírito, criados por pais sem expectativas e sem prazer pela vida, multiplicam-se também os livros sem conteúdo, de enredos pobres e nada cativantes, se associarmos “livros” às experiências de vida, veremos que muitos não passam de obras com poucas páginas e capas pouco atraentes.

Para que existam livros, são necessárias árvores, mas as que temos são frágeis e as que estão sendo plantadas crescem com raízes rasas, incapazes de sustentar um futuro sólido.

Vivemos na era do conhecimento, mas o excesso de informação, em vez de salvar, pouco tem transformado.

É lamentável, mas sem um ciclo completo e virtuoso de possibilidades, a roda simplesmente não gira, sem vivências relevantes não surgem histórias empolgantes e sem elas, não haverá nada maduro ou criativo para inspirar e entreter as próximas gerações.

O dramaturgo Millôr Fernandes afirmou que “Metade da vida é estragada pelos pais. A outra metade, pelos filhos”, com sua simplicidade nos faz refletir que no futuro talvez não tenhamos bons livros, lidos por pessoas interessantes à sombra de árvores frondosas e infelizmente não tenhamos ciclos nem começando e muito menos se findando.

Paulo C. Andrighe

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Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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