A morte é uma oportunidade de renovação

Analisar a morte é uma grande sacanagem porque a vida está seguindo e de repente se encerra, assim do nada, fica um clima de assuntos inacabados e faltando ainda a última valsa por dançar.

Ficam coisas que não foram finalizadas, um negócio grande para fechar, um jantar há muito tempo programado, um tratamento dentário pela metade, os pneus do carro para trocar, um curso de culinária que estava programado, o jardim para finalizar, assinar o contrato da compra do apartamento, levar a gatinha Miçe no veterinário, de que ficou faltando pagar as despesas do jantar do final de semana que foi dividido entre os amigos, sem elogiar aquele belo vestido ou o cabelo cacheado que ficou liso, tudo para terminar e a estrelinha resolveu se apagar.

Pode ser que morrer com data programada não tenha graça já que se despedir gera muita tensão e a ansiedade seria de matar, bom mesmo é morrer com 110 anos pois o descanso é justo e merecido, não custa se preservar para não sair durante o espetáculo pois é de uma deselegância sem tamanho, melhor mesmo seria se pudéssemos ir adiando essa trágica saída.

Convenhamos que a morte só é ruim para quem fica e as despedidas nunca são fáceis, sabendo que um dia certeza a coisa vai terminar, melhor mesmo é admitir e assumir que o cronometro é regressivo e já está andando desde o momento em que estreamos neste mundo, melhor se acostumar com a condição de que é inevitável e compreender que não se precisa ter medo do que é certo e inevitável.

A vida é simples e rápida, ela não para e se o tempo é longo ou curto, cabe a cada um o direito de fazer ou de deixar para fazer outro dia seja lá o que for.

Nossa busca deve se resumir em buscar paz e felicidade, não de apenas colecionar possibilidades, tomara que o outro lado seja tão rico e divertido de riscos e oportunidades como é neste plano, isso não é uma piada, já que todos percebem que a vida foi boa somente na derradeira hora da partida e que o paraíso seja iluminado para fazermos como os outros que já se foram, de ir para lá e não mais voltar.

Quando meu pai faleceu um iluminado que não sei quem era me disse “eu não sei para onde eles vão, mas deve ser bom, porque eles não voltam”, é isso que se deve ter por verdade, que para lá daquele ponto tem mais coisas boas, o ruim é que para saber o que existe e como é o lado de lá é preciso partir, o que não é uma opção aceitável para a maioria.

Deixando de lado as crenças de cada um e olhando apenas para o lado bom de um funeral, considerando o melhor cenário que é aquele com muitos amigos e onde a celebração é para se comemorar uma vida bela e muito bem vivida, principalmente que nunca sejam partidas trágicas e cheias de dor.

Em síntese o resumo é desejar uma vida feliz para os que ficam e a oportunidade de uma nova vida para quem partiu.

Então bóra olhar para o lado de lá com expectativa e com bons olhos.

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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