O morro dos ventos uivantes – de Emily Brontё
O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico da literatura inglesa, escrito por Emily Brontë e publicado pela primeira vez em 1847, a obra narra uma intensa e conturbada história de amor ambientada em uma fazenda isolada que dá nome ao título do livro, com uma escrita excepcional e marcante a autora reinventa a tradicional história de amor romântica ao explorar temas como paixão, vingança, destino e consequências. Tudo começa quando Heathcliff, uma criança abandonada que é acolhido pela família Earnshaw e cresce ao lado da pequena Catherine, desde a infância surge entre estes meio irmãos uma paixão cheia de sentimentos intensos, o infortúnio é que Heathcliff é pobre e foi adotado, Cathy é rica e a certa idade se vê obrigada a se casar com Edgar Linton, que também vem de uma família abastada, com este fato ela se vê obrigada a abrir mão de seu verdadeiro amor. Os anos passam e acontece o reencontro entre Heathcliff e Catherine, que reacende antigos sentimentos bons e também mágoas profundas, com isto se dá início a uma série de eventos trágicos e esse amor, que nasceu na juventude se transforma em dor e irá promover tragédias e muito sofrimento.
Essa inspiradora e turbulenta história de amor entre Heathcliff e Cathy teve tamanha repercussão que o cinema já buscou retratá-la em pelo menos sete adaptações, a primeira delas foi lançada em 1939, levando às telas toda a intensidade, os conflitos e as dores desse romance inesquecível.
Quem nunca viveu um amor impossível ou sentiu uma paixão ainda na infância? Histórias como a de Romeu e Julieta reforçam esse drama universal, onde jovens que desejavam apenas viver seu amor, mas que por força dos infortúnios da vida são obrigados a tomar rumos diferentes.
No fim das contas, quem nunca se viu tomado por um sentimento impossível?
Quem nunca se encantou pelo professor nos primeiros anos da escola, por um primo na infância, por alguém já comprometido ou por um amor que nunca foi correspondido? Quem nunca sentiu o coração acelerar ao ver o carteiro que aparecia de vez em quando, pelo chefe na empresa ou aquela colega de trabalho que mal notava sua presença? Quem nunca se apaixonou pelo galã da novela, pela voz do radialista nas madrugadas solitárias, pelo professor da faculdade ou por alguém cuja simples admiração acabou despertando algo mais, que sem avisar aflorou um sentimento de carinho ou paixão?
Na maioria das vezes, esse filme idealizado com final feliz simplesmente não se sustenta na vida real, ele é fruto da imaginação, uma fantasia alimentada por expectativas e vazios emocionais, tudo não passa de ilusão disfarçada de esperança, mas existe um lado positivo que é torcer para que no fim, o bom senso prevaleça, que o príncipe não se revele um sapo verde e que a fada não se transforme numa bruxa com verruga no nariz.
Nos dramas dos amores proibidos, o lado mais difícil é a enorme carga emocional exigida para administrar e sustentar a relação, conviver sob tantos empecilhos consome energia e esses vínculos acabam existindo sempre à sombra dos obstáculos, da dúvida e da insegurança.
As doces e boas inseguranças cheias de ansiedades que a vida com sua irônica gentileza, insiste em nos pregar.
A verdade é que na esperança de que esse sonho dure para sempre, acredita-se que o outro virá para preencher todas as lacunas, curar as ausências e acabar de vez com a sensação de carência, mas cedo ou tarde a realidade cobra seu preço, a fatura do cartão chega e então percebemos que todos são humanos, imperfeitos, com falhas comuns a todos.
Mas, se há consciência de tudo isso, com disposição e coragem para pagar o preço, então contribua para que se realize, porque viver um amor intenso é sentir-se verdadeiramente vivo, ainda que por instantes ou apenas alguns momentos, ainda que essa admiração seja solitária, mesmo que seja apenas uma fantasia guardada em segredo. Realize.
Paulo C. Andrighe
Publicar comentário