Para viver a dois não existe manual de instrução
Acredito que poucos são os que nunca tenham ouvido a famosa frase: “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, pois bem, eu e um amigo estávamos observando um casalzinho dentro de um carro, era um tal de dedo na cara, depois um abraço, em seguida um empurra-empurra para afastar, mais um afago, alguns berros e logo depois, outro abraço, ficava claro que a prosa deles seria longa, mas no fim acabariam se entendendo, não precisavam de nenhuma “colher”, bastava apenas um deles ceder ou se arrepender e tudo se resolveria.
E nós dois como bons observadores, passamos a refletir sobre os relacionamentos e suas infinitas complexidades.
Os conflitos da vida sempre vão existir, mas a responsabilidade de cada um é tornar a caminhada do outro mais leve, para que a harmonia perdure, quando isso não acontece, é como a briga de dois cegos em um quarto fechado, não tem fim e só gera tropeços sobre tropeços.
Afinal, as briguinhas do dia a dia funcionam como exercícios, é nesses percalços que a vida a dois vai se moldando, dá até para relevar certos arranhões, mas ignorar sempre e sem pontuar ou resolver determinadas tretas não é uma solução.
A literatura oferece uma infinidade de belos livros de cabeceira que podem facilitar a vida a dois, de verdade isso bem poderia ser matéria escolar, afinal, é muito provável que em algum momento da vida e durante todo o seu transcorrer, tenhamos alguém ao nosso lado, se conseguíssemos compreender melhor as mulheres de Plutão e os homens de Mercúrio, tudo se tornaria mais simples.
A primeira lição que todos deveriam aprender é que ninguém tem razão absoluta de porcaria nenhuma, o que existem são pontos de vista e verdades que nem sempre se sustentam como universais, quando um grande problema explode, é porque pequenos sinais foram ignorados, uma casa não desmorona de repente, ela cai porque uma sequência de pequenos descuidos somados e sendo negligenciados a falta de reparos e manutenções comprometeram sua estrutura.
É preciso atenção aos pequenos detalhes que ocorrem no momento agora, pois eles podem se transformar nos pratos quebrados de amanhã.
Se faz necessário equilíbrio entre se posicionar e saber ceder, sem impor condições nem ficar revivendo o passado como fonte constante de referências, os erros de ontem existem para que possamos aprender com eles, o presente é a oportunidade de não repetir falhas, mas o verdadeiro foco deve estar sempre voltado para o futuro.
A vida em um relacionamento não é simples pois são gênios e personalidades diferentes, infelizmente não existe um manual de instruções que ensine a administrar tretas e desentendimentos que possam ocorrer, o fato é que se uma das partes decidir facilitar, a prosa encontra um rumo, mas se a postura for de “tô nem aí”, um rumo também será tomado.
É sempre importante valorizar e preservar o que já se tem, pois o que está em nossas mãos já é conhecido, as vezes basta apenas lapidar para melhorar, o que não é difícil, arriscar-se em busca de algo “perfeito” pode ser uma armadilha, pois a nova oportunidade talvez não seja tão boa, ainda existe o risco de ser até pior, é como jogar na loteria onde a chance de perder costuma ser sempre maior.
Paulo C. Andrighe
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