A Cabana, de William P. Young
Existem livros que incomodam e através da narrativa provocam desconfortos, este é um daqueles que geram um misto de sentimentos bons e ruins, a parte ruim é que provoca questionamentos nem sempre com respostas claras, mas vai ao extremo de buscar perdoar um assassino, é preciso mente aberta para compreender a mensagem e se aprofundar para com a sensibilidade se envolver e perceber uma bela e profunda história.
Escrito por William P. Young, o livro A Cabana merece honras pela qualidade e profundidade que o autor conseguiu construir em palavras, argumentação simples e diálogos claros que segundo fatos foi feito para presentear alguns amigos e o que era para alguns poucos com o passar dos tempos conquistou o mundo.
É uma história simples e curta em uma tragédia que provoca reflexões, o momento que merece total atenção é o encontro de Mackenzie Allen Phillips com Deus, que por curiosidade é apresentado como uma mulher negra, Jesus é um moço com traços árabes e o Espírito Santo uma jovem mocinha oriental, o questionamento que muitos já fizeram, inclusive eu e você, sobre como o Criador com todo o poder que tem, deixa pessoas sofrerem tanto ou neste enredo, o sofrimento que a pequena Missy, que foi tirada de sua família e com base nas informações da polícia foi violentada, brutalmente assassinada e seu corpo nunca foi encontrado.
Mack vive uma depressão profunda, mesmo rodeado por sua família, vive isolado em um luto infinito, potencializado pela cobrança de que sua falta de atenção foi o motivo desta tragédia, vive atormentado com o sentimento de culpa por ter tido sua filha de 6 anos raptada, sua amargura é latente e compreensível, impossível não sofrer junto com ele, seus embates contra a fé e os questionamentos sobre porquê tamanho sofrimento.
Após 4 anos vivendo essa dor, recebe um estranho bilhete e retorna para o local onde esta ferida persiste em se manter aberta, para confrontar seus fantasmas do passado, seu retorno até a fatídica cabana é conturbado e as vezes confuso, lá onde tudo começou acontece o desfecho com a presença da Santíssima Trindade, um período de reconexão em que Mack é provocado a voltar a ser feliz e perdoar o assassino que matou sua filha.
É uma boa história com muitos ensinamentos, uma narrativa envolvente e reflexiva na busca de reconciliação, por mais que tenha perfil de livro religioso, o formato com o qual Deus se apresenta, rompe muitos protocolos impostos pelas regras religiosas, o momento iluminado é perceber que Deus pode estar presente em muitas de nossas angustias e as vezes Ele está muito mais próximo, até estar em pessoas motivando e ajudando a curar feridas que insistem em perdurar. Deus não se comprometeu a facilitar a vida de nenhum de seus filhos e nos deu pessoas próximas para facilitar o peso dos percalços da vida.
E assim como o desfecho de Mack, acredito que muitos e inclusive eu, gostaria de receber um bilhete de Deus convidando para passar um final de semana conversando, aceitaria de bom grado, imagine poder fazer coisas de pai e filho, quantas perguntas ainda sem respostas ou o que fazer para agradar ao Criador. Se existisse essa oportunidade difícil seria saber por onde começar, o que dizer ou o que pedir, na hora ele nos ilumina e saberemos como agir.
Paulo C. Andrighe
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