Política brasileira versão Games of Thrones I

A série que virou um fenômeno precisa ser assistida com um olhar para o que percebemos atualmente em nosso cenário político, esta comparação é muito interessante, por mais medieval que seja a leitura histórica pode-se dizer que atualmente vivenciamos uma guerra de tronos em sua mais clássica essência, onde as tramóias, desvios de divisas, bate bocas infindáveis, conchavos descarados regados a “um toma lá e da cá” onde o único objetivo é tirar uma fatia e se perpetuar no poder.

Durante o desenrolar dos capítulos, se percebe que existem alguns corações bons que vão com certeza aliviar o peso do povo que sofre entregando muito suor e sangue, mas não se engane, porque é certeza que este nobre coração será deixado de lado e escrachado na vida pública, por ter deixado uma torneira aberta pingando que através de alguns canais de mídia, ficará insistentemente evidente que ele na verdade quebrou muitos canos, inclusive da vizinhança, com o intuito de depredar e afogar pequenos animaizinhos que ali viviam em paz.

Pode ser que no começo da vida política, lá bem no início existia um coração pulsando por generosidade, compaixão e solidariedade, porém quando se está entre muitos cães é impossível continuar miando, fantasiar-se de lobo é uma forma de conseguir se sustentar, mas é certo que em algum momento a essência do miado será esquecida.

Ser íntegro não garante lugar na política brasileira já que em algum momento belas virtudes são subjugadas por um sistema carcomido e muito mais eficiente.

Assim como na série as mudanças de casas ou clãs que em país tupiniquim estão disfarçados de partidos, regados sempre com muito dinheiro, caprichos e luxúria egocêntrica, onde faz com que os inimigos mortais de outrora a partir de agora vão comer e beber fazendo orações de fé inabalável na mesma mesa, ladrando aos quatro ventos que os interesses são exclusivamente o bem estar dos plebeus, que comendo o pão que foi sovado pelo diabo às gargalhadas, estes muito felizes patinam migalhas na vida, orgulhosos pelo seu amado rei estar confortavelmente afagado no poder.

Durante a séria a personagem Sansa Stark foi a que mais padeceu, sofrendo todo tipo de abusos e absurdos, vendo seus familiares sendo aniquilados, continuou aos tropeços se imaginando num cenário de contos de fadas que apascentasse sua alma, uma fatia expressiva de nossa sociedade plebeia perdura na fé de que os governantes vão realmente contribuir para que coletividade conquiste um bem estar, não apenas tomando-lhes uma fatia expressiva de seus ganhos com a falsa interpretação que os altos impostos são necessários para sustentar um reinado de glórias em que apenas alguns se refestelam e se divertem com cabeças em bandejas como forma de domínio.

Daenerys Targaryen foi a personagem que mais mostrou determinação e o quanto o poder pode corromper, ela foi expulsa de seu reinado e construiu uma legião de admiradores com o lema de que foi injustamente tirada de seu trono, que ela no comando o mundo seria melhor, aos poucos construiu um exército que acreditava ser ela a salvadora do povo oprimido, quando conquistou o poder, seus propósitos mudaram e enlouquecida eliminou tudo e a todos que achava que poderiam lhe ameaçar, mera coincidência com a vida real, nos dias atuais não se mata adversários políticos, isso constrói mártires que são mais perigosos, destruir reputações é mais efetivo já que aniquila o principal e todos que estão à sua volta.

A verdade é que politica não é para amadores, tem que ser forte para aguentar as pancadas. Melhor é não se atrever a ter politica como profissão ou então ser como amadores que bradam entender de política escondidos atrás das muralhas do norte, e esbravejam para não serem respingados ou queimados vivos pelos dragões. Ainda existe o iluminado Tyrion Lannister que muito sabiamente proferiu a frase, aos que não se atrevem a politicar para não matar ou serem mortos, certo estava ele ao dizer “Eu bebo e sei das coisas.”

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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