São os ritmos que provocam movimentos
E a professora Regina rindo de desespero e relatando a música que escutou de sua pequena aluna de 4 anos, cantando em sala de aula o refrão de uma música muito bem decorada, “bate o bilau na minha cala, bate o bilau na minha cala”, sim, a situação era cômica e na verdade muito constrangedora ao se imaginar a cena pela pouca idade, já ter um refrão na ponta da língua de “uma música” que com certeza ela não entende, mas será esse ritmo que ela consumirá com o passar do tempo.
A música provoca interações e é através do refrão onde autores almejam que “grude” nas massas e assim consigam encontrar resultado financeiro, fato é que não precisam de músicas épicas de nove minutos quando na verdade um refrão de segundos, diz muito quando pega no gosto popular e vira uma informação em nosso subconsciente. E quanto mais se ouve do mesmo, maior será a interação com aquele estilo de música.
Culturalmente é visível que somos atropelados pelos estilos de música, que grudam de tempos em tempos, as românticas que eram repetidas diariamente pelas novelas e que pena ficaram no passado, quem não lembra da insistência que era escutar os pagodeiros e sambistas que estavam por todos os lados, como ficar sem escutar um sertanejo cheio de álcool e chifres nos dias atuais, mas e aí, você se arrisca de qual será o estilo de música da próxima onda?
E como é bom assistir os programas de competição de música, uma variedade de vozes e estilos musicais que muitas vezes chega a tirar lágrimas até dos mais insensíveis, mas estas belas vozes são como este parágrafo, surgem com uma qualidade excepcional e somem sem deixar sinal algum, é um fogo de palha que aquece, presume-se que com aquela graciosidade fará muito sucesso com certeza, ledo engano, aquele espetáculo de interpretação sumirá como se encerra este parágrafo.
Se você tem pequenos a sua volta, fuja de mostrar para eles somente músicas que são modinha, elas não somam e estão ali não para agregar, são refrões feitos para faturarem muito durante algumas semanas, é só mais uma modinha onde a competição é ver quanto dura nas paradas de sucesso semanais, quando até que enfim você conseguir decorar já existirá outra mais atual.
Ao se olhar para a história da música percebemos que as pérolas estão encravadas nas décadas passadas, clássicos de época, românticas que até os dias atuais ainda não perderam seu glamour, músicas de apelo político que direcionaram as massas e ainda são referência, melodias de rock que ainda fazem muitas cabeças balançarem, folclóricas que fizeram história, hinos consagrados do passado que ainda estão na moda.
A pergunta que fica no ar é imaginar o que ainda estará tocando nas rádios daqui a 10, 20 ou 30 anos, se é que ainda existirá este obsoleto utensílio.
A música é uma forma de linguagem que as vezes, pode ser somente barulho ou uma soma de sons, ritmos e vozes, ela provoca movimentos e quando se adiciona a outros formatos de transmissão de informação pode nos influenciar, provocar sentimentos e impactar em mudanças de comportamento.
A musicalidade existe desde que as sociedades começaram a se constituir e faz parte de nossa forma de nos percebermos, é só escutar uma boa música que até nossa alma começa a dançar e inclusive se curar através da musicoterapia, são os sons e ritmos nos fazendo terapia, barulhos estes que podem iluminar, influenciar a marginalidade ou exagerar na sensualidade.
Faça um favor para si, monte sua playlist pessoal com boas músicas, porque já é hora de parar de absorver o lixo cultural inaudível que nos atropela diariamente.
Paulo C. Andrighe
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