Diz ter empatia, mas é pura hipocrisia
É sobre isso mesmo, quando diz ter empatia e consideração com o próximo, na verdade fala isso porque a sociedade, o pessoal da igreja e do trabalho quer escutar, sendo realista, e lá no fundo do coração quando um finge que faz, para que outros possam fingir que acreditam, desta forma o indivíduo ser humano diz, ou melhor finge que está evoluindo espiritualmente.
É bem provável que muitos afirmam enfaticamente terem a empatia no sangue, não é nem para provar aos que estão a sua volta de que em tudo este sentimento vem em primeiro lugar, mas principalmente para se justificar de que ainda tem as rédeas do discernimento da vida, de ainda serem condutores de suas ações, pois quando perderem esta âncora, vão se somar aos muitos andarilhos a trombar em tudo pela vida, as pessoas falam terem empatia não para outros, mas para si próprios se sentirem seguros, pois é fato que o ser humano esta mais preocupado com o seu umbigo do que em contribuir com o próximo.
Muitos afirmam categoricamente que através da empatia se colocam no lugar do outro e entendem suas necessidades e dores, mas são somente frases de efeito para fotos de redes sociais, falam para conquistar aprovação, mas de efetivo mesmo é quase nada.
Reforça ter empatia, mas não separa o lixo orgânico do reciclável, vai tudo no mesmo saco e considera que muitos ainda vão sobreviver e contribuir com o mundo, ao trabalhar com as mãos naquilo que ainda pode ser reaproveitado.
Ao escutar as angústias e desabafos de quem precisa, antes de buscar contribuir, já aproveita a oportunidade de palpitar e dar uma julgadinha básica.
Quando está fazendo compras no supermercado, descarta produtos que não vai adquirir em qualquer lugar; demonstra total desinteresse com o próximo, ao abandonar o carrinho de compras pelas ruas porque não tinha estacionamento mais perto.
Joga lixos e entulhos em lotes baldios e ainda reforça que “são apenas galhos e folhas!”, sem a preocupação em administrar o lixo que produziu.
Cuida do banheiro de casa que precisa estar limpinho, mas na rua ou no trabalho é papel no chão e água para todo lado.
Não é gentil ou educado com outras pessoas por menor que seja a ação, por pura preguiça e pela arrogância de se achar melhor que outros.
Priva seu ex-cônjuge de ficar com o filho como forma de punição.
Está confortavelmente sentado quando entra uma pessoa idosa, e do nada olha em outra direção, onde uma parede mofada ganha atenção em uma beleza surreal.
A única vaga de trânsito disponível é a destinada para PCD’s ou idosos, e mesmo assim o argumento de que “é só cinco minutos” ganha status de justificável.
Não reduz a velocidade para favorecer as pessoas que utilizam as faixas de pedestres, e demonstra impaciência com aqueles que ousam cruzar as ruas em qualquer lugar.
Pobre daquela mulher grávida que terá a oportunidade de ficar em pé enquanto aguarda ser atendida, pois os muitos que ali estão se declararam terem direito a ficarem sentados e que fique claro que a grávida não é a mãe deles.
As sociedades romantizaram a empatia, fato é que a condição de se colocar no lugar de outra pessoa e entender suas angústias não existe, não tem como compreender uma dor somente vendo, lendo algumas palavras, ouvindo em minutos os relatos de uma vida, é possível sim presumir e com experiências vivenciadas se solidarizar, mas isso é uma frase muito pequena em um livro inteiro, é impossível dimensionar.
Empatia vem da alma e do coração, mas estes já estão fora de uso há muito tempo.
Com base no que vemos e na forma de vida que a sociedade nos impõe, o certo mesmo é que seria mais honesto utilizar a palavra hipocrisia para glamourizar o ato de solidariedade com os outros, e deixar claro que a maioria, que estão nem ai com o que acontece com o próximo, desta forma pelo menos a franqueza estaria sendo mais verdadeira.
Paulo C. Andrighe
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