Qual será o seu papel quando a velhice chegar?

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Por volta dos 10 ou 12 anos, já surgia com força o questionamento sobre o que se quer ser no futuro, mesmo para aqueles que ainda não tinham noção do que ele reservava, a expectativa era que, aos 20 ou 25 anos, a pessoa já estivesse dentro de um propósito previamente definido, nessa lógica, aos 40 ou 45 anos, o caminho escolhido já deveria estar andando e ao chegar à meia-idade, por volta dos 55 anos, o ideal seria que tudo já estivesse preparado para o resultado envelhecer.

Para muitas pessoas, o tempo passou num piscar de olhos, é bem provável que nunca tenham parado para refletir sobre a pergunta: “O que eu quero fazer quando envelhecer”? Ainda que alguns afirmem que não há como se planejar para essa fase da vida, a verdade é que existem inúmeras possibilidades além da tradicional ideia de aposentadoria, seguida por tardes na praça, entre o crochê e partidas de baralho.

É de conhecimento geral que a longevidade tem se tornado uma realidade cada vez mais presente e é ótimo que isso esteja acontecendo em nossa geração, no entanto, também é amplamente reconhecido que levar uma vida desregrada, sedentária, com alimentação inadequada, uso excessivo de álcool e cigarro, não contribui em nada para uma velhice saudável.

Buscar a longevidade está na verdade, ligado a um projeto de vida de longo prazo, afinal, de pouco adianta viver muitos anos se isso significar chegar lá, com limitações severas e dependente de outras pessoas para tudo, por isso é fundamental saber administrar o que nos faz bem e principalmente evitar a manutenção de hábitos prejudiciais.

Não aceitar a necessidade de planejar a velhice é uma afirmação, ao sustentar a ilusão de uma juventude eterna, isso não é por acaso, pois fomos educados dentro de uma lógica que valoriza o estudo intenso na juventude, como caminho para uma vida adulta produtiva financeiramente, como se isso bastasse e encerra-se aí o projeto de formação do indivíduo, fato é que envelhecer, com todas as dores e limitações que o tempo traz, simplesmente não é um tema que se coloca à mesa.

O curioso é que os idosos de hoje um dia foram jovens, nós também envelheceremos e os jovens de hoje, que muitas vezes desrespeitam os mais velhos, chamando-os com certo desprezo de “tio” e “tia”, serão os idosos de amanhã, o problema é que nossa cultura ainda falha em valorizar o envelhecimento, na prática, envelhecer costuma significar se tornar um peso, seja para o mercado de trabalho ou dentro do ambiente familiar.

Aqueles que conseguiram cultivar uma mente saudável e enxergar a longevidade como uma nova oportunidade de crescimento, têm mais chances de desfrutar bem essa fase, para aqueles que não se preparam para esse percurso, provavelmente enfrentarão um caminho de declínio e abandono, não olhar para o futuro será definhar precocemente.

Vivemos em uma sociedade que cultua o desenvolvimento constante, mas na prática, esse valor está voltado quase que exclusivamente para quem é financeiramente produtivo, pouco ou nenhum reconhecimento é dado àqueles que estão antes dos 20 ou depois dos 50 anos, diante disso, é essencial que cada um desenvolva um olhar sobre seu próprio valor e trajetória, porque esperar justiça ou consideração de uma sociedade moldada por critérios tão estreitos é, no mínimo ilusório.

Desejo que o planejamento para a velhice já esteja em curso, que o foco não esteja na bengala, na cadeira de balanço, no guarda-chuva na bolsa ou na ideia de que envelhecer é algo negativo, o verdadeiro projeto é se preparar com consciência, ir se desapegando para que quando esse tempo chegar estejamos leves, ativos, sem angústias ou obrigações sufocantes. Será a fase de explorar a vida com liberdade, deixando o mundo seguir seu caminho, pois ele já é adulto e sabe se virar.

Enquanto você lia este texto, o tempo continuou passando e é justamente agora o momento de se reinventar ou ressignificar, se preparar para quando a velhice chegar sermos o “tiozão massa” e não apenas o idoso simpático.

E então, quais são seus planos para quando chegar lá?

Paulo C. Andrighe

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Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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