Era só mais um sonho e virou pesadelo ao acordar
Sonhar e tentar compreender a mensagem é sempre um dilema, a mente fica martelando em buscar decifrar o enigma que o além resolveu mandar, justamente durante o sagrado momento do sono e que deveria ser para descansar.
É certo que há uma infinidade de fatores e variáveis que podem ter contribuído para que determinada informação ficasse grudada na imaginação e durante a madrugada, a criatividade resolvesse pregar uma peça só para dar uma judiada básica, gatilhos como um filme mais intenso, uma notícia desconfortável, o estado emocional abalado ou até mesmo o simples cansaço acumulado, tudo tem chances de perturbar o merecido descanso, inclusive de até virar um pesadelo, daqueles que se fica rolando pela cama até suar, enquanto foge de um cachorro raivoso.
Mas ai vem um sonho em que toda a família está indo morar numa casa muito velha, esta instaurado um assunto que vai gerar mais conflitos internos, as opções são de encarar de que é apenas um sonho, sem significado ou deixar a mente criar as tretas conspiratórias, é hora do Google trabalhar para dar suas versões sombrias, dos parentes acrescentarem seus “mas olha bem…” que são sempre ruins, os colegas de trabalho confirmam que é mau presságio e para ajudar a sepultar sobre sete palmos abaixo da terra, a tia do café garante ter ouvido que depois de um sonho assim, alguém da família sempre morre em cinco dias.
Ficar encucado é natural, mas você decide investigar para tentar resolver esse dilema interno, num livro velho e empoeirado que ficou esquecido por anos, encontra a tão esperada resposta perturbadora, onde diz que este sonho significa que algo vai mudar na sua vida, que irá passar por momentos de medo, transformação e cura, uma explicação tão genérica quanto alguns discursos cheios de frases de efeito que dizem muito, mas não explicam nada, muitas informações que não responderam nada e talvez a melhor decisão seria não ter ido buscar respostas exatas.
Existem infinitas interpretações científicas e místicas quando o assunto é sonhos, fato é que os sonhos são reflexos das nossas preocupações, ansiedades. emoções que estão sendo vivenciadas e traumas adormecidos, é a forma que o cérebro usa para sinalizar através da imaginação, mesmo durante o sono a mente está trabalhando, a síntese é aprendermos a nos desligar do mundo real e compreender que dormir é para descansar e não uma oportunidade de revisar todas as obrigações realizadas no dia que se passou.
É evidente que as interpretações são mais fantasmagóricas do que científicas, elas assustam e pouco agregam, na verdade um sonho é um reflexo das preocupações, ansiedades e emoções que estamos vivendo, associado a traumas ainda escondidos na alma, é o cérebro sinalizando que algo precisa ser processado, que é necessário se desligar do mundo externo para recuperar o equilíbrio e que o período de descanso não deveria ser usado para revisitar todas as obrigações do dia anterior.
Ainda bem que nossa mente não nos conta tudo o que processa enquanto dormimos e que os sonhos são apenas pequenos recortes, os mais marcantes ou curiosos, que conseguimos lembrar, principalmente para não ficarmos remoendo aquela cena estranha de enfrentar uma cobra lilás com um garfo enferrujado, ela também será esquecida com o tempo, como passamos um terço da vida dormindo, o ideal é realmente desligar, para que o momento do descanso não promova mais preocupações.
A grande pergunta que fica martelando é se os sonhos realmente têm algum significado, tudo depende de quem recebe essa pergunta, onde para alguns, eles são apenas reflexos do estado de espírito, são pequenos insights da vida real, já para outros, será necessário abrir uma verdadeira caixa de pandora, buscando explicações que não respondem com segurança, mas que promovem um mergulho numa infinidade de interpretações onde a ansiedade será o único caminho a ser percorrido.
Foi apenas um sonho, beba um copo d’água, vire para o outro lado e volte a dormir, o dia ainda nem começou e quando o sol brilhar precisará ser vivido com a mente bem acordada.
Bom sono e sem sonhos.
Paulo C. Andrighe



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