Estão ensinando errado e achando fofo
As gerações futuras vão enfrentar dificuldades em administrar os conflitos interpessoais e com na convivência social, a verdade é que a responsabilidade por essa situação não será culpa dessa geração, o culpado também não será os alimentos multiprocessados consumidos a rodo e muito menos dos jogos eletrônicos.
A responsabilidade é inteiramente da geração anterior, foi ela que não soube fazer o básico, porque eles foram ensinados priorizando o método de “faça o que eu mando”, em vez de praticar o “faça como eu faço” e existe uma infinidade de desculpas para justificar, inclusive de que não se teve tempo para mostrar e fazer o correto, que é o mais simples.
Estava aguardando meu filho entrar na escola quando presenciei uma cena que ilustra bem a contradição entre o discurso e a prática, onde um pai e seu filho atravessavam na faixa de pedestres, segundo os estudiosos ali é o local mais seguro, de repente, um carro passou quase esbarrando nele, em seguida a motorista estacionou, seus filhos desceram do carro e entraram na escola, vou acreditar que ela não viu duas pessoas cruzando a faixa.
Logo em seguida, observei a cena de uma mãe que estacionou a cerca de 15 metros da faixa, sua filha que deveria ter uns 10 anos, desceu do carro e se dirigiu para a entrada da escola, a mãe lhe deu uma bronca reforçando que era para passar ali mesmo onde estavam com o carro parado, mas continuou seu trajeto ignorando a mãe que continuava a esbravejar, felizmente, ela fez o correto e passou pela faixa de pedestres.
De que adianta o esforço do mundo para investir na educação de trânsito, reforçando para que as crianças compreendam as regras básicas se os próprios adultos, que já conhecem na teoria e na prática, mas falham vergonhosamente em dar o exemplo e em reforçar esses ensinamentos com as crianças?
Como entender que o cinto de segurança salva vidas, quando há tantos pais que se protegem com o uso do cinto no banco da frente, mas ignoram a segurança dos filhos, permitindo que as crianças fiquem em pé entre os bancos enquanto o veículo está em movimento, brinquem soltas no banco de trás ou pior ainda, coloquem a cabeça para fora do veículo em movimento?
Apesar do mundo gritar aos quatro ventos que o cigarro faz mal para a saúde, inclusive se perguntar para uma criança sobre cigarro ela saberá dizer que faz mal, não faz sentido fumar ao lado de crianças ou com bebês de colo, é estranho ser visto com a mesma naturalidade de se tomar um cafezinho, como se fosse algo inofensivo fumar tão próximo.
É compreensível que a vida familiar, pessoal e financeira das pessoas passe por dentro dos smartphones, infelizmente a sociedade se tornou dependente dele, mas não faz sentido para uma criança ouvir insistentemente a frase “larga esse celular” e vai brincar ou procurar outra coisa para fazer, se o que ela mais vê é o adulto com o aparelho na mão o tempo todo.
Que futuro espera essa geração, que aprendeu que basta aporrinhar um pouco para receber a ordem de “pega o celular e me deixa em paz”? Como uma criança vai usar informação que aprendeu, de que fazendo bagunça ela ganha um brinquedo para se entreter?
A educação primária deveria ser uma obrigação da família e na ausência dela a sociedade vai preenchendo essa lacuna à sua maneira, infelizmente ambas estão sendo falhas, os adultos que já tem o conhecimento prático pouco ou nada agregam e como se diz popularmente, ‘Deus ta vendo’, essa negligencia vai nos obrigar a pagar uma
fatura que vai chegar em breve, pois o hábito de cobrar o certo, enquanto se pratica e exemplifica o errado, não irá gerar bons resultados no futuro.
As crianças aprendem observando, ouvindo e imitando o comportamento dos adultos que são suas referências, então é melhor parar de criticar a todos e reconhecer que esta geração é o resultado prático da geração que as criou.
Paulo C. Andrighe



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