A complexidade simples de ser masculino

E o homem era bruto, muito xucro, não chorava, reprimia seus sentimentos, emoções e este formato impactava de forma negativa certas classes de nossa sociedade.

Disseram que este estereótipo era prejudicial para sua saúde emocional, o homem mudou e gostou de ser menos rústico e machão, viu que não fazia mal chorar e demonstrar emoções, reforçaram ao pé do ouvido que se pode ser menos macho sim, mas, veio uma outra fatia da sociedade e disse que sentimentalismo é coisa de mulher e criança, numa enxurrada de informações no outro ouvido aos brados escutava que não existem mais homens como antigamente.

Pronto, está instituída mais uma crise, entre as outras trocentas existentes e sem solução em nossa sociedade.

Nos últimos cem anos houve um salto de desenvolvimento em tudo, observe que neste período saímos da era em que o cavalo era o único meio de locomoção em milênios e passamos aos passeios espaciais fora do planeta, aconteceu uma enormidade de coisas onde o ser humano não estava preparado para tamanha evolução, tudo foi muito rápido, inclusive o desenvolvimento do homem, aquele do sexo masculino.

É tamanha a desorientação quanto ao que se deve por obrigação no posicionamento do homem do sexo masculino, do excesso de regras e críticas que precisam ser percebidas, do que é certo e necessário, do que não se deve ter ou fazer, das expectativas de inúmeras outras classes que ditam uma competição das verdades daquilo que é certo e errado no ambiente masculino.

A sociedade em que vivemos evoluiu muito rápido, muitas coisas não acompanharam este processo de maturação com a mesma velocidade, está quantidade de conhecimento sobre tudo que foi produzido e que deveria facilitar não alcançou a todos, alguns destes homens ficaram exigentes demais consigo mesmos, outros ficaram sisudos e de poucas palavras, alguns muito frágeis e sensíveis, nesta enxurrada de versões o homem descobriu que não precisavam de tudo isso e gostou da ideia de dividir obrigações, o porém é que classes que exigiam mudanças também não estavam maduras o necessário e com isto surgiu a intepretação de que os homens antigos eram melhores.

Em um momento da história, a vulnerabilidade e a força tinham papéis bem definidos, se olhar a dimensão histórica da evolução de nossa sociedade, em um estalar de dedos estes papéis começaram a ser confundidos, ganharam variações, interpretações e formatos, a leitura destes novos posicionamentos estava muito claro apenas na cabeça de pouquíssimos, o restante ficou à deriva, mas foi afetado por estas variações, fato é que algumas fatias das sociedades ainda não compreenderam as transformações onde se misturam a força e a vulnerabilidade.

O masculino não deve demonstrar fragilidade, não precisa, mas é possível, se quiser pode ser, por muito tempo não deveria chorar, mas vai que ele quer, porque ele é macho, está relacionado com a robustez, não precisa mostrar sentimentos, nem quando é necessário, mas precisa porque a saúde agradece, as ciências humanas reforçam que um homem sentimental é menos agressivo, tipo um macho passivo; vivenciamos muitas informações variáveis e neste momento se institui o problema atual que é como equalizar algo simplesmente muito complexo.

Brotam soluções e verdades, nenhuma que concilie, que oriente de forma segura, até porque não tem nada de estranho ou errado em homem que chora, nisso algum estudioso pensador tasca uma nova informação de que o homem pode até chorar, mas não muito, pronto, ao ajudar deu mais uma dificultada, favoreceu complicando.

Observar a postura e posicionamento do homem de alguns anos atrás, com este advento de novidades e versões é fácil perceber como ele será no futuro, detalhe é que os excessos em tudo daqueles que estão conduzindo, que acham saber para onde se deve ir, faz com que outros atordoados que estão perdidos se direcionem para onde nem sabem ao certo vai dar, só compreenderão erros e acertos quando lá chegarem.

Existiu uma lenda popular que falavam não ser bom ler o livro da Bíblia Sagrada inteira, pois isso faria a pessoa enlouquecer com tanta informação, trazendo este dito popular para os dias atuais torna-se bem oportuno, vivemos uma época que se tem muitas informações ao alcance das mãos e olhar para tudo é ficar desnorteado com o excesso de muita coisa que nada orienta.

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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