O Cavaleiro Preso na Armadura, de Robert Fisher

Existem coisas que são atemporais, sim, elas se aplicavam a bons tempos passados e ainda são extremamente coloquiais, inclusive nos dias atuais, no livro O Cavaleiro Preso na Armadura, escrito por Robert Fisher em 1987, onde se relata a história do cavaleiro que busca retirar sua armadura, se aplica para uma infinidade de indivíduos que atualmente sobrevivem dentro de suas angústias, presos e escondidos atrás de máscaras.

Este nobre cavaleiro afirmava ser bondoso, afetuoso, gentil e sua virtude era a dedicação ao reino, com inúmeras batalhas vencidas, matar dragões ferozes, resgatar belas donzelas e polir sua lustrosa e amada armadura, eram tantas obrigações que faltava tempo para atender sua esposa e filho. Duvido você conhecer alguém com características semelhantes.

Com o passar do tempo o cavaleiro não tirava mais a armadura, seu filho não se recordava mais do rosto de seu heroico pai, após desentendimentos com sua esposa este resolve buscar ajuda, pois ele não conseguia mais tirar a armadura sozinho e numa conversa, o bobo da corte lhe afirma que “todos estamos presos em algum tipo de armadura”. Com a ajuda do Mago Merlin, inicia uma jornada para descobrir quem o cavaleiro era na verdade e para conseguir se livrar da armadura, pelo caminho passou pelo Castelo do Silêncio e percebeu como ele valorizava suas conquistas, no Castelo do Conhecimento aprendeu que é preciso primeiro se amar para depois amar outros, no Castelo da Vontade e da Ousadia teve que enfrentar um dragão, que era os medos criados pela sua mente.

Durante a trajetória percebeu o quanto estava limitado por não acreditar em si e na força que possuía, enquanto fantasiava grandes conquistas escondia suas fraquezas atrás da armadura brilhante, esta obra tem uma linguagem de autoajuda muito simples, através de varias reflexões provoca a análise de como muitos se escondem atrás de máscaras e perfis, para não admitirem medos e fraquezas ou por simplesmente não se assumirem como são.

Esta fábula mostra como as pessoas utilizam armaduras como forma de se proteger, infelizmente estas máscaras privam e limitam os relacionamentos que a vida proporciona, por medo de sofrer deixam de ousar, no começo evitam coisas pequenas com a desculpa de se proteger, com o passar do tempo entram em buracos e de lá nunca mais saem, afirmações como “estou bem e não preciso de ajuda” é adotado como mantra.

Admitir ser vulnerável é uma grande declaração de amor-próprio, isso é libertar-se das limitações que são criadas como recurso na busca de proteção, obstáculos ao estilo não vou amar para não sofrer pois isso impede de existirem momentos felizes, melhor não ter amigos pois eles podem conhecer a versão verdadeira com falhas que precisa ficar escondida, por ai surgem infinitas armaduras, para se proteger de resultados positivos que vão precisar ser assumidos, diante daqueles que não precisam conhecer a verdadeira face do desinteresse no fortalecimento de laços verdadeiros.

Conforme aceitamos as fragilidades que fazem parte da construção de uma personalidade, compreendemos partes de um processo de libertação e sem a preocupação com o julgamento alheio, que precisa ser desconsiderado pois aquilo que não agrega não deve ter relevância, se aceitar é libertador pois um espírito livre voa mais quando não carrega pesos que não lhe acrescentam.

Livrar-se de armaduras é abrir mão de mostrar aquilo que não somos para aqueles que não querem nos conhecer, é se desarmar para conhecer o desconhecido, é dar para um colega de trabalho distante o título de amigo do peito, é deixar as pessoas se aproximarem antes de julgar e espantar o diferente, as armaduras que criamos são feridas que durante muito tempo ficaram machucando e livrar-se delas leva tempo e paciência.

Abandone as armaduras pois as pessoas gostam de ver olhos abertos e sinceros, não ferro lustrado.

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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