E a paciência não tolera mais a argumentação
Presenciei uma cena que merece ser interpretada em um grupo que me pareceu de conhecidos, iniciaram uma conversa sobre um assunto destes que são insolúveis como religião ou política, uns queriam falar mais e outros impor opiniões, os ânimos se exaltaram até que alguns gritos e berros se somaram, nisto uma conversa mais exaltada estava ganhando dimensão exagerada, mas que bom que o grupo do “deixa disso” e vamos nos divertir entraram em ação, abafaram-se os ânimos mais exaltados e o calor se dissipou, vai saber onde essa treta toda poderia terminar.
As pessoas não têm mais a real noção do que é ter paciência, entre clientes, colegas de trabalho, familiares, entre cônjuges, pais e filhos, entre parentes e imagine entre desconhecidos a dimensão que isto pode tomar, todos compartilham de uma impaciência sem limites e totalmente desregrada.
A superioridade intelectual está em alguém frear o assunto e com direcionamento dar razão a coerência, isso é ser superior, mas claro, sempre é mais fácil mandar tudo às favas e colher consequências desastrosas no futuro.
É preciso mostrar verdades e se fazer entender, não impor opiniões através da força, do poder ou da imposição hierárquica, ceder e não continuar um embate não é sinal de derrota é na verdade uma forma de mostrar superioridade.
Paciência não é ser tolerante ou aceitar tudo sem argumentação, é ter total domínio sobre as ações, não ter este controle dará margem para a ira ou a raiva, as pessoas não cultivam mais a serenidade e a paz de espírito, os indivíduos estão perdendo o controle de suas personalidades e o controle de suas vontades está sendo conduzido pela emoção, pena que a razão está caindo em desuso.
Ter e exercitar a paciência é um talento e uma grande virtude que precisa ser cultivada, este comportamento é um exercício para a empatia, é preciso ter humildade para respeitar, entender e aceitar outras opiniões mesmo discordando, o problema é que essa virtude só se compreende com o desenvolvimento da vida e quando se está apto para contribuir com estas desavenças, em sua maioria as pessoas preferem deixar o papagaio esbravejando sozinho do que dar luz aos exageros, a parte legal é que estas pessoas estão certas porque a vida é muito curta para gastar energia apascentando araras.
A proximidade que existe entre a falta de tolerância e a ansiedade, soma-se como sendo mais alguns integrantes muito ativo nas famílias, distúrbios estes que corrompem e que são de difícil solução, é visível que as pessoas não têm tempo para resolver as demandas atribuídas pela vida em sociedade, mas principalmente de se resolver e de forma segura colocar a vida nos trilhos. A rotina atribulada ao excesso de informações, a obrigação de ter sucesso profissional, de sempre ser feliz em tudo e para com todos, a necessidade diária de impressionar as redes sociais, somado a uma infinidade de cobranças e obrigações desfavoráveis que contribuem com inúmeras tristezas e frustrações.
A impaciência persevera, mas paremos de olhar para o mundo e deixemos ele para lá pois já é maduro o suficiente para se virar sozinho, a pergunta que deve ser feita é “o que estou fazendo para apascentar a minha alma?”, é preciso exercitar a reflexão sobre as ações e com consciência treinar o silêncio, porque o julgamento feito pelo mundo não vai ser paciente, na verdade ele vai ser intolerante.
Paulo C. Andrighe
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