É até um absurdo mas algo precisa ser movimentado
O mundo da ficção as vezes tenta copiar a vida real, bom que as vezes fica tão desnudo que mostra tudo, nem tudo assim, mas mostram aquilo que muitos escondem e não é das partes intimas que estamos falando. A série da Discovery Largados e Pelados mostra o quanto ser resiliente, paciente, perseverante, tolerante e principalmente com foco no objetivo é importante quando se deseja alcançar determinado propósito.
Que estar sem roupas é o que menos importa quando a fome ou frio aparecem, que para a plateia por mais que a condição das pessoas estarem pelados possa ser um chamariz para assistirem, quando na verdade o que mais ocorre é torcer para que resolvam o problema que estão buscando solução.
“Eu vivo sem ninguém, não quero ser um peso para outros carregarem, tenho minha vida, meu dinheiro, sei me virar só e sem necessidade de outro alguém, se precisar vou no mercado e compro o que preciso pra minha vida ser agradável”, esta é a frase de uma pessoa que vive sozinha, é independente porém ela vive em uma sociedade e é dependente de um sistema social organizado, se ele se romper ela será uma das primeiras a definhar, a parte legal é que pode-se perceber que nos primórdios de nossa sociedade, em nossas reais origens, o quanto não viver só era importante quando o assunto era alimentação e proteção, a condição de viver em grupos proporcionava segurança e nos fez evoluir.
Vivemos em uma sociedade prepotente em que as pessoas estão egocêntricas, que alguns necessariamente precisam ser superiores a outros, que estes quando se associam e as vezes apenas duas pessoas já são suficientes, um deles tem que ser o líder e ditar regras, comportamentos, de estar sempre à frente liderando ou guiando os menos afortunados. Será que os casamentos são assim ou na vida real, essa do dia a dia, existe uma igualdade de parcerias?
As pessoas que participam do reality Largados e Pelados tem três necessidades fisiológicas básicas, eles buscam abrigo para proteção, água limpa e alimento que pode ser qualquer coisa, isso é prioridade diária e ininterrupta, enquanto nós aqui fora, no mundo real, nos estressamos com o fato de não termos recebido o bom dia que demos no trabalho, com o lixo do vizinho que não está no saco plástico correto, com o clima pela falta de chuva ou porque está chovendo muito, com a pia cheia de louça que a outra pessoa não cumpriu sua parte no acordo, com pessoas que não acionam a seta do carro em uma esquina, nós que estamos nessa sociedade que esta em constante evolução e que atribui uma carga de complexidades para serem geridas que aumentaram desproporcionalmente. Nos primórdios o stress vinha da necessidade de sobreviver e atualmente o nosso stress vem da luta diária para tentar conviver.
O fato mais relevante, é pensar que o grande prêmio deste movimento é conseguir fazer os relacionamentos perdurarem por duradouros 21 dias, associados com desconhecidos e que estar sem roupas reforça o quanto ficar desprotegido das inseguranças que são carregadas desnecessariamente demonstra a complexidade daquilo que é tão simples, o convívio é a maior barreira a ser transposta.
Muitos vão dizer que não tem o menor cabimento ficar pelado por tanto tempo com um desconhecido, passando por muitas necessidades absurdas, de ficar dias sem comer um mísero grilinho, fato é que não tem fundamento um propósito deste tamanho sem ganhar nada, considerando apenas transpor uma conquista interna, mas se observarmos que estamos ficando como no filme WALL-E (2008), a animação mostra pessoas obesas que são assistidas por uma inteligência artificial e que ininterruptamente ficam o tempo todo “sentadas” esperando algo acontecer, muitos estão assim, não necessariamente acima do peso mas com certeza sem objetivos e muito menos com algum propósito a ser conquistado.
Não sei você, mas algo precisa ser movimentado e sem precisar comer grilos, melhor colocar a esteira para funcionar ou tirar os tênis que estão escondidos no armário.
Paulo C. Andrighe
Publicar comentário