Em certo momento todos seremos o tio da Sukita

E um dia, todo mundo vai virar tio ou tia e terá que ser o ator principal daquela propaganda da Sukita, se não conhecer esta célebre passagem histórica não será eu a mostrar, porque nem você e muito menos eu precisamos admitir que já estamos na fase de sermos uns titios da vida.

Fato é, quando alguém chama outra pessoa de Tio ou Tia, naturalmente acrescenta alguns muitos anos à data de nascimento, involuntário ou não, para algumas pessoas isso se enquadra em lei criminal, onde diz que é uma ofensa grave que se soma a uma agressão quase que moral e física, se referir a alguém de tio ou tia, tem tudo pra dar treta, tudo bem que muitas crianças são ensinadas no momento que aprendem a falar, a utilizarem com adultos este formato, porque vamos combinar que facilita e favorece o afeto para com as criancinhas, incluindo algumas escolas que nos anos inicias utilizam a expressão tia da creche, como forma de trato com estes pequenos e neste ambiente torna-se mais afetivo a relação com as profes.

O problema é que os adultos ensinam de forma errada o uso deste substantivo, onde buscam favorecer um ambiente amistoso e fofinho, mas não se ensina o momento em que estes termos, não poderão mais ser usados como forma de abordagem, tio e tia é mais fácil que ensinar nomes próprios e desde pequenos já aprendemos a não guardar nomes, interessante é que existem culturas, em que se aprende desde pequeno a usar Senhor e Senhora seguido do sobrenome da pessoa, estes costumes dão certo enquanto aqui, nomes próprios são difíceis e sobrenomes são sem chance de se viabilizarem.

A parte boa é que se usa muito mais a expressão na versão feminina da palavra, o leque de Tias é muito maior do que os tios da vida, é uma forma amigável para que os menores abordem e iniciem uma conversa, mas isso só vale para crianças e que qualquer idade acima destes, a probabilidade de ser compreendida como uma agressão de forma pejorativa ou até com ironia é muito maior, tentar corrigir estas disparidades é sem recurso.

O pior de tudo é a confusão que se faz quando se usa expressões como o tiozinho do açougue, tiazinha da farmácia, tiozinho do banco ou a tiazinha do café que por mais gentis que possam parecer, o risco de que a forma de falar ganhe uma conotação de desrespeito, é infinitamente maior e a forma diminutiva de se referir, é somente por preguiça de não usar uma forma educada, não aprendemos e não é ensinado para os próximos a forma polida a tratar outras pessoas.

Tio e tia se aplicam para o irmão ou irmã de nossos pais e somente para estes, aprendemos errado e se tivessem nos ensinado a usar a pergunta “qual o seu nome por favor?”, não existiria o stress por não se admitir um substantivo com potencial de agressão no lugar do nome, culturalmente será difícil rever este formato, então é mais fácil relaxar e não levar sempre a ferro e fogo, a falta de trato nas conversas.

Alguns entendem como uma forma gentil de começar uma conversa, para outros é uma indelicadeza, então é melhor ensinar os pequenos a forma correta, educando corretamente, evitaremos as armadas que vida nos proporciona.

Paulo C. Andrighe