Eu, você, eles e nossos cacoetes diários da vida

Eu não sei se a cena é cômica ou dramática, mas enfim, cada um com seus tiques nervosos da vida.
Em uma reunião de negócios e nesta empresa conheci minha interlocutora, uma mulher com postura altiva, personalidade forte e um rosto simpático, mas o detalhe é que por vezes ela ficava batendo a unha no cinto que usava, quando batia a unha, escutava aquele téc, e mais um téc, outro téc, mais um téc e assim se seguiram vários técs, que volta e meia, quebravam o silêncio entre uma argumentação e outra.
O problema é que só eu estava percebendo o téc ou estava me incomodando com o bendito téc.
Meu desconforto era conseguir manter o foco téc de meus olhos olhando para ela enquanto téc conversávamos, não sabia se mostrava téc para ela que estava perdendo a concentração e o foco de téc nossa conversa, na verdade eu queria téc rir mas a educação falava mais alto.
E quem nunca teve um tic destes que naquele dia ganhou importância e involuntariamente o perseguiu pelo dia inteiro, quem nunca ficou chupando o canto da boca, piscando em excesso, coçando a cabeça, batendo a caneta na xícara de café, assoviando pra tudo, segurando ou coçando o nariz e puxando a orelha.
As vezes não é um problema complexo, apenas naquele dia, deu vontade fazer téc e o som agradável era totalmente despercebido, as vezes só estava téc dando uma relaxada, ou como se diz, estava só dando um “ar pa menti”.
Estar ansioso ou nervoso com uma situação pode gerar estas formas de expressão, as vezes puxando as unhas, pigarreando ou fazendo caretas para mostrar que o corpo está reagindo a algum estresse, alguns movimentos saem involuntariamente de nós, buscando distrair nossa preocupação, esperando ao final de tudo, por um bom copo de água acompanhado de alguns minutos de paz e certeza para assim desacelerar a alma.
Reza os ditos populares e propagado pelas boas vovós que uma folha de alface dentro do travesseiro durante sete dias resolve, mas as vezes só avisar a pessoa já resolve também, porque nestes dias tensos e atribulados que vivemos, em que estar estressado e angustiado é tão relevante quanto o oxigênio, em que só pedir “porque você está fazendo esse téc?” já ajuda um monte.
Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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