Extra. Extra. Faleceu depois de ler muita porcaria
E os tempos modernos estão nos enchendo de volumes gigantescos de informações que se resumem a títulos e “fótinhas”, onde a capacidade de interpretação de assuntos mais complexos está sendo prejudicada e a análise de textos está sendo minada e tratada a pão e água.
Estamos nos limitando a ler mensagens rápidas e superficiais, quanto maior for a demanda de tempo para olhar para um assunto, menor será a possibilidade dele ser visto, condicionado a uma leitura dinâmica (sempre frágil) de títulos curtos e de pequenos resumos, pois é destes fragmentos que estão sendo feitas as análises, com base nestes pequenos lampejos de informação que vão sair as críticas contundentes, cheias de erros e pobres de conteúdo.
A popularização da internet facilitou a geração de informação, criou uma avalanche de conhecimento sem fundamentação prática ou teórica, a ausência de filtros criou formadores de opinião que não tem capacidade de gerar conhecimento que agregue, em sua maioria sem conteúdo onde o objetivo é apenas financeiro, na busca de likes monetizados que toma o que não tem preço que consiga ser pago, o tempo das pessoas está sendo desperdiçado.
Nosso momento histórico está recebendo excessiva quantidade de informação e não estamos sabendo aplicar estes conhecimentos, um excesso que está nos intoxicando com problemas em sustentar relacionamentos, ansiedade, sedentarismo, transtornos de autoimagem, as dificuldades em conseguir dormir confirma que algo está errado no formato que estamos sendo condicionados e o mundo não quer que escapemos deste modelo de escravidão.
Navegando sem leme e com pouco vento, isso é estar na “net” e sem um propósito, um espaço de tempo infinito de muitos textos, imagens e sons sem um onde chegar, simplesmente se deixando ir de cliques em cliques, vivendo numa clausura sem paredes, se fosse feito a conta de quanto custa uma hora de uma vida, de que o tempo sem ser aproveitado está sendo desperdiçado e que se fosse necessário pagar por ele, com certeza existiria foco e seria melhor investido. Como exercício faça a conta de quanto custa a sua hora, já que leu até aqui, quanto vale o seu tempo para navegar na busca de conhecimento ou somente navegando sem leme ou vento.
Fuja do looping infinito de “vou assistir mais um” vídeo (de 30 segundos) e nesse mais um já terão se passado horas, horas, nada de conhecimento produtivo e nada se somando a nada.
Ao contrário do que se pensa a massa cinzenta que está no interior da cabeça, o dito cérebro, é inclusive um músculo que precisa ser exercitado, a parte ruim será ver que em décadas se terá indivíduos com demência por não terem usado de forma saudável este órgão, isso quer dizer que é necessário exercitar as informações, ler, compreender, perceber a aplicabilidade; que informações rápidas e sem conteúdo não provocam estes movimentos, ficar horas desperdiçando neurónios é como montar um quebra cabeças sem um desenho a ser seguido, são peças que não se encaixam e lugar algum.
É pena que as pessoas estão perdendo a habilidade de escrever, que a escrita manual com lápis e caneta onde levou milênios para ser elaborada está competindo com um HD nas nuvens, que ninguém sabe onde fica, que tenhamos fé para nunca acabar a bendita energia elétrica, já que ficar olhando para o céu não fará o conhecimento cair “da nuvem”, mesmo que esteja chovendo.
Paulo C. Andrighe
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