Os muitos atletas não medalhistas do dia a dia
Em uma roda da prosa recentemente conheci o Zequinha, moço de opinião forte, convicto de suas análises e que não tinha cara de que ia mudar de ideia, as vezes uns são mais decididos do que outros, né, mas o fato é quando se está fechado em uma opinião se perde a oportunidade de se desenvolver e até melhorar determinadas convicções, não estar aberto para reinterpretações é se privar de evoluir ideias e pensamentos que fazem parte da personalidade.
Este moço foi convicto em dizer que “conquistar uma medalha de ouro, para subir por míseros segundos em um podium e comprometer anos de uma trajetória de vida é coisa pra louco”, perceber um atleta profissional e dizer que é louco por dedicar-se tanto a algo é não comparar este com os atletas não profissionais, os não medalhistas que ganham outros tipos de medalhas ou honrarias.
Todo aquele que busca algo compromete períodos se empenhando para conquistar um podium e este ciclo se repete costumeiramente para uma infinidade de pessoas comuns, todo dia buscamos conquistar pequenas coisas que fazem parte de movimentos maiores.
Nossa trajetória de vida é construída na busca de conquistas de medalhas que nem sempre serão convertidas em podiums, uma mãe se empenha anos na busca da maternidade para ter sua “medalhinha” no colo, um estudante estuda por inúmeros anos para ficar por alguns minutos sendo agraciado em um palco e ter a outorga de graduado, é necessário o comprometimento diário por anos em um carreira profissional para que “lllááá” na frente se conquiste um novo título impresso no crachá e no podium do organograma ter o reconhecimento.
Um atleta profissional se empenha muitas vezes por uma vida inteira para conquistar os degraus de um podium, louros estes que duram alguns minutos, que em seguida deverão ser superados porque a vida é uma constante reconquista e os muitos atletas não profissionais fazem a mesma coisa, estão constantemente se reinventando seja no trabalho ou vida pessoal, almejando sempre o algo a mais, as vezes para si próprio ou para aqueles que o rodeiam.
O esportista quando almeja uma medalha de ouro muitas vezes deforma seu corpo na busca do melhor resultado, ele é igual a mãe que se enche de estrias ou que compromete seus lindos peitos para amamentar sua conquista de ouro, do pai que ganha sequelas no corpo porque trabalhou além da conta na busca do melhor para sua família, no final, são todos atletas que buscam a conquista de ter uma medalha e um lugar ao podium.
Na maioria dos podiums conquistados na vida real não existem medalhas, o que muitas vezes se almeja é somente o reconhecimento e o respeito daqueles que estão a volta, são eles o combustível que promove movimentos e infinitas histórias de vida.
As medalhas conquistadas duram alguns instantes de glamour, porém as vezes são realizações que precisam de uma vida inteira de empenho e após serem ganhas em seguida precisam ser reconquistadas, as vezes para alguns atletas tem hino, para outros muitos atletas da vida real, quando superam obstáculos não tem aplausos e muito menos festa, é só bater a poeira e voltar para as batalhas.
Mas enfaticamente nunca deixe de comemorar suas pequenas conquistas, elas necessariamente precisam ser consideradas, pois pode ser que os grandes troféus nunca consigam ser conquistados e se isso acontecer, pelo menos as salas vão estar cheias de muitas medalhas.
Paulo C. Andrighe
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