Quando a “melhor idade” decide reconquistar o mundo

A expectativa de vida aumentando, a renda das aposentadorias insuficientes e a necessidade de se ganhar mais para sustentar os custos com dignidade de vida na fase da “melhor idade”, associado a importância de ocupar a cabeça quando ainda se está ativo, a necessidade da fuga da solidão e mais uma infinidade de motivos que fazem com que os “tiozinhos” da terceira idade reingressem no mercado de trabalho na busca de se manterem saudáveis e vivos na dinâmica louca da vida moderna.
Alguns destes fatores são espelhados na comédia “Um Senhor Estagiário”, da diretora Nancy Meyers e protagonizado por Robert De Niro (Ben) e Anne Hathaway (Jules), o filme relata o retorno de um senhor que aos 70 anos torna-se estagiário em uma startup e neste movimento o Sr Ben busca o objetivo de ter um propósito de vida.
A interação entre gerações conquista uma infinidade de vantagens, a troca de experiências e conhecimentos, os princípios que só a vivência conquista, o respeito mútuo, a importância de saber quando ficar calado, o zelo no trato com as limitações, a empatia que se constrói entre jovens e idosos, a harmonia que fortalece vínculos e princípios éticos. A soma de benefícios que as gerações ganham com esta interação é gigantesca e sua associação só traz vantagens.
A troca de bagagem entre as gerações tem dois alicerces que fortalecem benefícios para ambos, trazendo para os jovens o fato de que vão envelhecer também, que compreender as limitações facilita a tolerância e o respeito.
Para os mais idosos a condição de estar inserido em um ambiente que os compreendem, mas principalmente os protege, essa condição gera segurança e os distancia de enfermidades, favorece a longevidade, a autoconfiança, o amor próprio e fundamentalmente, sentir-se compreendido gera qualidade de vida.
O longa “Um Senhor Estagiário” tem muito a nos ensinar, é preciso aprender e compreender o que significa estar na melhor idade da vida, de como é ser idoso no mercado de trabalho e no dia a dia da vida moderna.
Existem programas sociais para inserção de menores aprendizes no mercado de trabalho, estas políticas sociais deveriam funcionar, mas de verdade não é lá aquela coisa, deveriam existir politicas publicas de inserção de idosos no mercado de trabalho, mas que estas leis contribuíssem na geração e principalmente na manutenção, fomentando este ambiente para profissionais com mais idade e não apenas criar palanque para políticos com belas frases, a inclusão se faz necessária para contribuir com o bem estar desta classe da sociedade, com um olhar em fomentar a manutenção destes profissionais que detém muito conhecimento efetivo.
Vivenciamos uma era em que o conhecimento é ter o poder, mas aqueles que tem conhecimento são substituídos por quem está começando a aprender e este que iniciou agora será o substituído do amanhã, é estranho pensar que existe uma luta pela conquista do saber, que em um momento será desperdiçado para que outro comece a remar.
Algo a ser considerado é que a expectativa de vida aumentou, o desconfortável deste movimento fez com que muitos que estão conquistando longevidade estão chegando muito judiados, sofridos pelas agruras da vivência cravejada de calos e cicatrizes, o zelo pela saúde deveria existir desde a mais tenra idade, algo que nossa sociedade não tem por costume prezar, este cuidado traria longevidade com saúde e dignidade, mas infelizmente nossa sociedade imediatista nos condiciona a vivermos apenas o momento agora.
Tomara que quando chegar a nossa vez de sermos os tiozinhos, que tenhamos guardado bagagem para contribuirmos com a sociedade e com aqueles que nos rodeiam, desta forma continuarmos úteis para sermos bons exemplos de como chegar lá na frente com um sorriso que contagie.

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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