Quando a quantidade de amigos é relevante
Enquanto aguardava pacientemente no consultório de um dentista para ser atendido, notei dois rapazes conversando à minha frente, o que chamou a atenção foi quando um deles disse “Putz, já tenho mais de cinco mil amigos em minha rede social”, a partir daí, iniciou-se uma disputa acalorada para ver quem era o mais popular e influente.
Confesso que minha análise foi a de que com apenas 30% desse número já seria possível eleger políticos em muitas cidades, com 2%, muita gente conseguiria alavancar resultados em alguns segmentos e assim seguiram meus devaneios, análises, interpretações e reflexões sobre a real relevância desta quantidade de pessoas.
O que realmente provocou reflexão foi sobre separar as categorias de relacionamento como amigo, amigão, conhecido, “vi uma vez”, “acho que vi numa festa” e inclusive aqueles que não se enquadram em categoria alguma, com o objetivo de mensurar quantos são de fato amigos, quantos são apenas parceiros de festa, quantos estariam dispostos a ajudar a cortar a grama ou pintar a casa, quantos poderiam oferecer conselhos ou simplesmente um ombro para chorar, sob essa perspectiva a quantidade de “amigos” passa a ter um significado real, não apenas numérico, mas principalmente qualitativo.
Um amigo de verdade não se conquista com um simples clique em “aceitar amizade” e nem se encerra com um simples clique ou muito menos é possível se apagar histórias passadas com um “desfazer amizade”, ainda que no ambiente virtual, as redes sociais favoreçam o “quero por perto” ou “não quero mais”, chegando até ao “bloquear” para excluir alguém da própria visão, a realidade é que histórias e vínculos não se apagam com um comando digital. Infelizmente não existe essa simplicidade no mundo real.
O ponto relevante é que afastar alguém da nossa frente pode ser questão de um clique, mas apagá-lo da memória está longe de ser tão simples assim.
Percebe-se claramente que embora as pessoas estejam cada vez mais cercadas por uma infinidade de “amigos”, os índices de suicídio, depressão, inseguranças e angústias, revelam que as verdadeiras amizades parecem ter ficado no passado, por isso é fundamental valorizar a qualidade e não a quantidade, porque o que realmente importa é a presença genuína e o calor da convivência.
É essencial agradecer aos amigos de verdade, aqueles que permanecem ao nosso lado nos momentos bons e ruins, a eles devemos oferecer também solidariedade, pois a sinceridade fortalece o compromisso mútuo, pois se houver sinceridade eles estarão comprometidos com nossas causas e é fundamental valorizar essa pequena e rara “meia dúzia” de pessoas, que cabem nos dedos de uma mão, mas fazem toda a diferença em nossa vida.
Paulo C. Andrighe



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