Quando ainda nem sabe fazer e já quer ensinar

Duvido quem nunca se questionou se está realmente ajudando seu filho a tornar-se um bom cidadão, se a educação dada em casa contribui com este desenvolvimento, se a escola está fazendo a sua parte ou se ele convive com pessoas, amigos e familiares que realmente possam contribuir com essa formação, caso estes questionamentos não sejam pertinentes e constantes é possível que se tenha problema em algum momento futuro.

Em qualquer roda de conversa que o assunto educação vire pauta é certeza que irá surgir a afirmação de que o sistema de educação básica é ineficiente, onde professores ganham pouco e entregam com muito esforço o proporcional, que as estruturas de educação não favorecem com o desenvolvimento das crianças, mas o que se percebe é que a construção de personalidades destes futuros adultos está sendo terceirizado entre vários atores e alguns destes estão sendo mais eficientes que outros.

Gerir orientação e educação de pessoas demanda tempo, algo bem escasso nos últimos tempos, fazer com que uma criança em formação tome o caminho da retidão é simples, porque é só mostrar o modo correto, mas é preciso demonstrar o que não é fácil já que o processo de terceirizar está na moda, fazendo com que todos da família, a sociedade, igreja, os maus elementos e muitos outros que interagem e que interferem em sua formação acabem por ter que assumir uma parte desta obrigação, estes estão influenciando crianças mal geridas que vão resultar em adolescentes sem limites, vão contribuir com jovens problemáticos, no futuro com adultos complexos que com certeza vão procriar, por aí vai a escada torta, o resumo disto é que o começo de tudo foi o berço e é lá que precisa ser concertado.

Fato é que a gestão familiar e educacional está perdendo para as telas e quem está atrás delas é mais eficiente em reter a atenção, competir com tablets, computadores, tvs e celulares não é uma competição justa e a única resposta pertinente que reverbera como orientação é “saia disto e vá fazer outra coisa”, não é a saída correta essa fala em tom grave, certeza que você nunca proferiu esta frase porque é claro que isso é coisa dita apenas em novelas, mas é preciso rever esta abordagem ou se terá problemas.

Mas a pergunta persiste se o papel de pais está sendo bem feito, até porque quando se fica bom nesta função e a experiência torna-se relevante é certo que não se terá mais oportunidade deste conhecimento ser colocado em novas práticas, as famílias estão encolhendo e os pets ganhando espaço, vivemos a era do conhecimento a mão, mas a maioria das pessoas não gosta de procurar informações para ser melhor, é mais fácil pagar os cursinhos para complementar a educação.

Pena que a peteca, bola, estilingue, carrinhos e bonecas estão fora de moda, triste é que com estes o relacionamento entre pais e filhos existia e é o principal meio para estreitar a formação de boas pessoas, este formato de educação está definhando.

Os super heróis estão fora de moda e o bandido é a referência a ser seguida, se nossos filhos não nos olharem para seus pais com respeito e admiração é certo que esta partida já terá sido perdida, desde o começo desta relação o propósito é alimentar o relacionamento da amizade estreita e se por ventura ela não perdurar algo deu errado, concertar vínculos é sempre cansativo e demorado, algo difícil de se instituir no formato de vida que herdamos.

Assim como nos aviões onde é preciso colocar primeiro a máscara em si e depois para os que estão à volta, é preciso primeiro se salvar para depois tentar ajudar outros, tentar ensinar quando não se sabe não é uma forma de contribuir com a educação, se não buscar aprender para poder ajudar é certo que os dois vão sofrer.

Paulo C. Andrighe

Sou um admirador das letras, da literatura e me apropriando da canção Aquarela, interpretada por Toquinho, onde com um lápis, um papel e muita simplicidade, tudo é possível com a imaginação.

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