Quem são os moralmente éticos e corretos?
Dizem que a ocasião faz o ladrão, verdade que vi, mas não me atrevi. Estava aguardando o sinal de trânsito abrir para sair quando vi um rapaz tirando do baú de uma motocicleta um filhote de gato, gentilmente levou o pequeno animal até um lote baldio onde o deixou e de lá foi embora, não hesitei e rapidamente peguei meu celular para tirar uma foto e mostrar aos meus pares o quanto é errado o abandono de animais, mas neste momento a consciência falou mais alto e fiquei pensando se eu podia questionar a capacidade da ação daquele indivíduo.
Quem disse e será que eu sou tão ético e correto ao ponto de apontar os erros alheios?
Estou me fazendo esta pergunta, mas quem e quantos mais deveriam se questionar antes de apontar o dedo da moral e da justiça? Me pego na condição de se tenho moral para questionar a atitude de outros, se os erros do meu passado não me condenam e usando o capuz da moral me escondo para poder acusar outros daquilo que nem eu mesmo represento.
É só olhar as listas de discussão de assuntos polêmicos, todos são juízes perfeitos, imaculados e em hipótese alguma tiram tatu do nariz ou soltam pum.
Dei a volta na quadra e voltei para buscar o bendito bichano, mas para meu desconforto ele havia sumido, acredito que tenha se embrenhado no capim e buscado fugir do barulho da rua. Sempre me reporto a esta ocasião e fico me perguntado, será que eu não poderia ter feito mais pelo bichano ao invés de em primeiro plano condenar e me preocupar com seu algoz?
Será que somos sempre certinhos e realmente fazemos nosso melhor para agradar e atender as demandas de quem está por perto ou mais questionamos, apontamos o dedo, criticamos, mostrando sempre sermos os únicos na face da terra a ter a lucidez da verdade, o fato é que seriamos mais úteis ajudando, contribuindo e orientando, já que jogar pedras no telhado alheio é fácil, difícil mesmo é ajudar a tirar as benditas lá de cima.
Me aproprio da citação da Bíblia Sagrada (NVI) onde em Salmos 58:1, a frase “Será que vocês, poderosos, falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente?” Me questiono, mas sugiro que esta interpretação seja feita mais vezes, recomendo mais solidariedade antes de um dedo em riste.
Paulo C. Andrighe
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