Quem tem pressa tem muitas e boas desculpas
Sábio é o ditado popular onde reforça que “quem tem pressa come quente ou cru” ou literalmente é pouco cozido já que a urgência brandou mais alto e faltou fervura.
Olhando a nossa volta é impossível encontrar alguém que não esteja correndo atrás de algo ou correndo de alguém, já que ou estamos atrasados ou em cima do laço para a maiorias das demandas da vida, ao se olhar para o relógio perceber-se que são 24 horas e a regra diz que são 8 horas de sono, 8 de trabalho e o restante é lazer, em síntese é muito simples, mas é praticamente impossível isso realmente existir. Ou será que?
Essa angústia de ter muita coisa para fazer e a cada instante são mais obrigações, porque o mundo exige ou porque as pessoas se obrigam a assumir mais e mais aquilo que outros não fazem, mas os outros não fazem porque já evoluíram desta fase, estes entendem que não há necessidade de se consumir numa ansiedade desenfreada, que é imposta por um sistema ou que simplesmente aceita uma imposição social, enquanto isso a vida segue nesta urgência criada por falta de disciplina.
Um segredo que não precisa ser escrachado para ninguém é que não há necessidade de urgência para nada e que é preciso disciplina e organização, o problema é que a pressa nas coisas faz com que as pessoas se sintam relevantes, é uma forma de valorizar o passe, de afirmar que esta pressa é o resultado de ser importante.
Nós não fomos ensinados a ser organizados e esta falha na gestão do tempo faz com que se perca muito tempo com o que não é relevante, se adia o que é importante e num determinado momento tudo vira urgência e é neste momento que a pressa gera consequências, tudo o que é feito na última hora não se faz com a qualidade necessária e isso é precedente para uma infinidade de desculpas.
O senso de urgência em tudo é resultado de desorganização e quem está a volta será contaminado por uma ansiedade desmedida e muitas vezes evitável.
É uma obrigação de cada um “tirar o pé do acelerador” e parar de tentar salvar o mundo já que ele não precisa ser salvo, quando se come algo cru é porque faltou administração de tempo para o cozimento e era só começar um pouco antes; se chega atrasado a um evento é porque faltou programação de horários; ao chegar em casa percebe que não tem pão porque confiou na memória; o combustível acabou por falta de atenção; a torneira estragou por que faltou manutenção; o relacionamento esfriou porque o olhar estava direcionado para muitas coisas e não para o necessário; sempre estamos olhando para muitas coisas e em sua maioria são de pouca relevância, a ausência de organização provoca distorções que em algum instante vai se tornar urgências necessárias.
A vida nos cobra caro por urgências que são impostas por uma sociedade que não sabe lidar com a ansiedade de esperar, teste seu discernimento olhando para um copo de água que gira no micro-ondas em infindáveis 30 segundos, melhor não ter muita pressa em comer tantos livros, agradar muita gente, estudar sem parar, trabalhar como loucos, para que tanta pressa em fazer algo se no final ficará tanta coisa ainda por fazer?
Com disciplina e organização fazemos o necessário e é isto que realmente importa, este discernimento evita imprevistos e fará com que as urgências deixem de ser o tradicional e não se pode deixar de considerar que a pressa para alguns é uma muleta para valorizar a importância.
Paulo C. Andrighe
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